Conseguimos ir além na nossa
perceção de sabor e descobrir o umami de um produto?
Será a criação de
um prato de autor uma das mais criativas manifestações artísticas?
O Festival de Gastronomia de
Santarém desafia-o a ir mais além, em autênticos banquetes preparados por
alguns dos mais conceituados chefes de cozinha de Portugal
Corria o mês de julho de
1971 quando a serra algarvia viu nascer a pequena Noélia. Foi também no mês de
julho, 16 anos mais tarde, que a então jovem Noélia resolveu ir trabalhar para
ganhar uns trocos para as suas coisas. Mais exatamente a 16 de julho do ano de
1985 entrava pelas portas da então Pastelaria Jerónimo, naquela que viria a ser
a sua casa... até hoje!
Foi ali, no coração de
Tavira, que viria a conhecer o seu futuro marido, o filho do dono da
pastelaria. Quando casaram compraram a pizzaria ao lado e durante anos
funcionaram como pastelaria e pizzaria. Noélia aprendeu todas as técnicas com
um pizzaiolo. Ao mesmo tempo, e sabendo que o marido não achava tanta graça às
pizzas, Noélia começou a experimentar outras coisas na cozinha que rapidamente
começaram a ganhar mais destaque entre os clientes e foi assim que em 2007
começaram a transformação do restaurante-pizzaria-pastelaria apenas em
restaurante até chegar à “forma" que conhecemos hoje.
A Chef Noélia Jerónimo
começava então um percurso fora do seu Algarve. Saiu pela primeira vez para
cozinhar a convite do Chef Nuno Diniz, a primeira pessoa que apostou nela, como
faz questão de mencionar sempre. De Tavira para a The York House, nas Janelas
Verdes, em Lisboa. Mais tarde seria a chef convidada para representar o sul na
Quinzena Gastronómica do Algarve no Hotel Tivoli em Lisboa, promovida por Maria
de Fátima Moura.
Seguiu-se então um prémio
dos Rotários de Tavira e Noélia Jerónimo achava, naquela altura, que tinha
ganho todos os prémios que poderia desejar. Puro engano... Seria mais tarde
agraciada com a Chave de Bronze da cidade de Tavira e veria o seu restaurante,
Noélia & Jerónimo ser distinguido por várias vezes com os famosos garfos do
guia Boa Cama Boa Mesa. Faz questão de referir que para ela, é “o" seu Guia
Michelin e que trabalha afincadamente para manter os seus garfos e continuar a
figurar ao lado dos grandes chefs da nossa praça. Reconhece que têm sido também
estes prémios que, ano após ano, lhe trazem cada vez maior reconhecimento e, por
consequência, mais clientes e prestígio. Autodidata, apaixonada e dedicada é
considerada por muitos a verdadeira embaixadora da Gastronomia Mediterrânica.
Genuinamente empreendedora, recebeu o prémio de Mérito na categoria
“Gastronomia" pela Associação das Mulheres Empreendedoras Europa & África.
Ao seu sucesso, Noélia
não ignora o precioso contributo de Miguel Esteves Cardoso que escreve
regularmente sobre o Noélia & Jerónimo, tendo-o inclusivamente classificado
como o “melhor restaurante do mundo".
A chef algarvia, de
sorriso genuíno, destaca ainda no seu percurso algumas das suas aventuras
internacionais, como a ida a Macau, em 2018, para cozinhar no Clube Militar
(onde espera poder voltar em breve!) ou o convite do seu grande amigo e chef
Vitor Sobral para cozinhar na Tasca da Esquina em São Paulo.
Na sua memória ficou
também o seu encontro com Roberta Sudbrack, a chef brasileira com quem teve o
privilégio de cozinhar no Rio de Janeiro e com quem Noélia Jerónimo se
identifica muito. A chef brasileira que no prescindiu de um percurso ascendente
de fama e estrelato por achar que não queria restaurantes sem alma e sem criar
laços com os seus clientes; a chef que trocou o prestígio pelas gargalhadas de
quem gosta da sua comida e decidiu voltar a um registo mais básico, menos
técnico mas mais próximo das pessoas. É aqui, e também na difícil gestão de
recursos humanos, que a Chef Noélia Jerónimo considera que Sudbrack faz falta à
cozinha nacional, porque gerir uma cozinha é difícil, gerir pessoas é uma tarefa
hercúlea e criar relações fortes com os clientes é uma missão.
Noélia Jerónimo é, de
facto, uma apaixonada pelo que faz e mesmo quando viaja em lazer acaba sempre
por dar “um pezinho de dança" na cozinha, seja em território nacional ou além
fronteiras, como recorda da sua viagem a São Tomé e Príncipe.
A “cozinheira dos chefs"
como é carinhosamente chamada pelos seus pares, e não só, considera um enorme
privilégio poder ter já cozinhado com alguns dos seus chefs amigos, como Justa
Nobre (Nobre, em Lisboa), Rodrigo Castelo (Taberna ó Balcão, em Santarém) ou
Vitor Matos (Vidago Palace Hotel). Acredita na inspiração mútua entre
cozinheiros e vibra com a visita dos seus colegas e amigos à sua casa, em
Tavira; ou, com o facto de ter sido convidada, já em 2021, a participar na
edição do Gelinaz ao lado de chefs de renome internacional como José Avillez.
Depois de um ano tão difícil como o de 2021, esta oportunidade foi recebida com
grande entusiasmo e alegria.
Considera que ainda lhe
falta fazer quase tudo, que sente que não sabe quase nada e tem muito para
aprender para fazer mais e melhor. Resume a sua arte na combinação harmoniosa
de alimentos no prato e tem no mar e na Ria Formosa as suas grandes fontes de
inspiração. A comida de conforto, que nos remetem para as memórias de infância,
os pratos de arroz, o peixe, as ostras e os mariscos em geral estão entre as
suas preferências na cozinha que a faz feliz. O segredo da sua cozinha está nas
coisas simples, na utilização de produtos de época e na frescura dos
ingredientes que utiliza.
Chef Miguel Gameiro
Iniciou-se
profissionalmente na cozinha no ano de 2010, ingressando na EHTE no curso de
Gestão e Produção de Cozinha com estágio profissional no restaurante “DOP",
pertença do Chef Rui Paula.
Em 2011 ruma a Paris para
estudar no prestigiado “Centre de Formation de Alain Ducasse" num curso
intensivo, com a duração de 3 meses.
Segue-se um estágio de 1
mês no restaurante “L´ And" (1 estrela Michelin) pela mão do Chef Miguel Laffan
e um novo estágio no restaurante “Fortaleza do Guincho" (1 estrela Michelin)
com o Chef Vincent Farges.
Em 2015 avança em nome
próprio com o seu próprio restaurante na Quinta da Beloura em Sintra “O Abraço"
Em 2016 inicía um novo
estágio na Holanda com o Chef Michel Van Der Kroft o “Nonnetje" (2 estrelas
Michelin)
Em 2017 é convidado a
participar no conceituado evento “Rota das Estrelas" no Funchal pela mão do
Chef Benoit Sinthon, evento que decorreu no restaurante “IL Gallo D´Oro" onde
também faz um estágio.